Saturday, October 01, 2011

Uma Entrevista com Brody Dalle, da Spinnerette @ Call The Office


Título Original: “An Interview with Brody Dalle of Spinnerette - Call The Office, London - June 17th, 2009
Por: Nathan Allen
Para: Fazermagazine.com
Tradução: Angélica Albuquerque


Quando eu cheguei até o local do show para fazer essa entrevista, tive que esperar por um tempinho, enquanto a banda fazia a passagem de som. Foi nesse momento que o nervosismo tomou conta de mim, um pouquinho.
Entrei no ônibus da turnê e quase consegui reunir todos da banda. Eu estava pronto para entrevistar somente a Brody, mas o Tony esteve presente para dar um toque cômico, enquanto ele estava comendo o seu sanduíche de peru sem mostarda.
Entrevistar a Brody foi intimidante. Não por culpa dela, porque é extremamente simpática e muito acessível. Foi por conta da combinação de estar no ônibus da banda, me sentindo golpeado por estrelas, tendo muita coisa acontecendo ao meu redor e ainda ser relativamente novo para exercer o papel de entrevistador, como um todo.
No papel, acabou por ser uma grande entrevista e Brody me ajudou a dar uma boa olhada não só na música da Spinnerette, mas também na camaradagem entre os companheiros de banda e de sua vida em geral. Espero que você goste...

Nathan: Por que London foi escolhida para ser a primeira parada da turnê? Parece sorte do acaso.

Tony: Nós pensamos que fosse Londres, na Inglaterra. Aí eles nos trouxeram aqui e nós ficamos tipo “Como assim?!”

Brody: De onde vem esse barulho?

Universal Rep: Sou eu, desculpe-me.

Brody: Eu choro de rir do jeito que os canadenses se desculpam...

Universal Rep: Você ri de tudo.

Brody: [risos] É! Bem, eu não sei de quem foi a idéia. Nós nunca tocamos aqui antes, pelo menos eu acho. Mas nós sempre quisemos e agora tivemos uma chance.

Nathan: Bem, eu espero que tenha um bom retorno, que venha muita gente. Eu já estive em alguns shows aqui e eu diria que é uma cidade de merda para a música, sendo sincero.

Brody: Isso não importa pra gente. Precisávamos de um lugar para nos esquentar e então estamos indo nos aquecer em London.

Nathan: Isso é bom. Você está com a banda completa agora? Não há mais problemas?

Brody: Yup, Vinny chegou!
[Vivas e gritarias vindas dos outros membros da banda em resposta por Vinny ter chegado]

Brody: Como você soube disso?! Saiu algo sobre isso ou algo assim?

Tony: Eu soltei essa bomba no facebook ontem à noite.

Brody: Você fez isso?

Tony: Sim.

Brody: Você não fez isso!

Nathan: Então, amanhã vocês estarão em Ottawa e depois participarão do NXNE [evento que acontece pela região norte e nordeste do Canadá]. Vai ser só um show mesmo?

Brody: Nem sei se passaremos pelo NXNE...

Desconhecida: Vai sim... O Mod Club faz parte. Desculpe por interromper.

Nathan: Sem problemas.

[A "desconhecida" então deu para Brody uma espécie de quentinha vegetariana e dois tipos diferentes de Booster Juice (é uma bebida bem comum no Canadá. É um mix de puro suco, sorvete de baunilha ou iogurte de frutas congeladas, frutas congeladas, iogurte fresco e gelo), que foram preenchidos com um monte de coisas loucas que pareceram impressionar Brody]

Brody: Eu não quero ficar doente enquanto estiver em turnê.

Nathan: Suponho que você seja vegetariana?

Brody: Sou uma vegetariana tentando ser vegana, mas é difícil pra cacete durante a turnê.

Nathan: Imagino. Você tem poucos dias de descanso antes de ir para NY, vai tentar assistir algum show [do evento NXNE]?

Brody: Tocaremos em Toronto e oh, vamos fazer um show secreto no sábado à noite. Daí, domingo voamos para Nova Iorque.

Nathan: Eu creio que não vou poder saber onde será esse show, né?

Brody: Não, você pode. Essa matéria não vai sair agora, né?

Nathan: Isso. Provavelmente não nos próximos dias. Definitivamente, não antes do show.

Brody: Bom, então vou te contar.

[Eu realmente sei onde o show vai ser. Mas eu irei deixar você descobrir sozinho. A única dica que eu dou, é que será em Toronto. Boa sorte!]

Nathan: Continuando: Por que o álbum foi adiado algumas vezes? E qual foi a sua reação ao ver que finalmente, ele estava lançado?

Brody: Hmmm... Dez vezes, quando eu prometi e jurei sobre o túmulo da minha mãe... Adiando e retardando.

Nathan: Isso ocorreu porque você não estava pronta para lançá-lo?

Brody: Não, isso foi uma bagunça mesmo. Com questões do selo, questões de distribuição e formas de como o álbum poderia chegar ao mundo inteiro.

Nathan: E vocês agora estão no selo dos caras do Rush, o Anthem?

Brody: Sim, nós estamos!

Nathan: Você prefere isso a uma gravadora maior?

Brody: Sim, bem mais, eu acho. Eu gosto da relação com os companheiros de trabalho que desenvolvemos com a companhia. É algo mais família, menos ternos e mais jantares.

Nathan: Bacana. Eu não quero falar da sua antiga banda, mas você acha que a Spinnerette está recebendo a cobertura da imprensa que merece, ou você acha que ainda está tendo que viver à altura das expectativas anteriores por causa do Distillers?

Brody: Eu não tenho nenhum tipo de expectativa. Eu acho que você irá falhar se tiver algum tipo de expectativa quando isso se trata de música. Você tem que deixar isso de lado.

Nathan: Vendo pelos olhos de um fã, tenho percebido que Spinnerette tem tocado mais nas rádios que o Distillers. Pessoalmente, gostaria de ver a banda sendo empurrada um pouco mais desta vez. Você também?

Brody: Não, eu não sei. Sério que estamos tocando nas rádios?

Nathan: Aqui no Canadá, vocês definitivamente estão. As rádios FM96 e EDGE estão tocando bem os singles.

Pessoa desconhecida: É! Isso aí! ... Obrigado! [Um certo orgulhinho da indústria musical canadense ocorreu no ônibus durante este tópico]

Brody: Ok, bom. Selos independentes têm tanto poder quanto as gravadoras maiores... Ou apenas pessoas melhores trabalhando neles!

Nathan: Bem, eu devo a esse cara (Universal rep), um grande obrigado por ter me ajudado com essa entrevista. Ele me deu a informação de que você viria e então arrumou isso pra mim.

Nathan: Agora, você permite que a sua filha ouça o seu trabalho e o trabalho do Josh também?

Brody: Sim, ela teve que aturar isso por uma porrada de meses, coitada. Quando você está fazendo um disco, é basicamente só ele que você escuta.

Nathan: Eu não quero falar muito sobre a sua filha porque é algo muito pessoal e privado, mas ela entende quando você vai sair pra fazer turnê e aonde você vai? [Camille tem três anos e está em casa com o pai, Josh, enquanto Spinnerette está em turnê]

Brody: Sim, ela me perguntou hoje. Eu disse que estava em Londres e ela disse “Você está na Inglaterra.” “Não, estou em Londres, Canadá” “Oh, Canadá!” Sim, ela é uma fofa. Quero dizer, eu não acho que elas [crianças] têm um conceito, mas a Camille sempre está viajando pelo mundo conosco então ela meio que entende o que é uma turnê.

Nathan: Ter se tornado mãe, mudou seus hábitos enquanto você está na estrada?

Brody: Eu ainda não sei. Ainda não saímos realmente em turnê. Esse seria o único lugar onde eu poderia ter a minha própria festa.

Nathan: É espécie de férias, então, mesmo que você esteja trabalhando.

Brody: Hmhmm...

Nathan: Você tem uma banda de estúdio, composta por Tony, Jack Irons e Alain Johannes e você tem uma banda para turnê. Você acha que é difícil, com uma banda intercambiável, desenvolver uma química no palco?

Brody: Não. Nós procuramos os altos e baixos das pessoas que tinham uma química conosco, porque é realmente importante. Falamos de algumas encarnações antes de finalmente ter decidido. Isso é importante, isso é muito importante.

Nathan: Em certo sentido, isso talvez seja mais fácil, porque se você está com as mesmas pessoas para sempre, você pode começar a ter ataque de nervos, de ambas as partes.

Brody: Eu acho que quanto menos você pensar com seriedade, melhor. O mais relaxado e casual que você estiver, é melhor para todo mundo. Não há razão para investir tanto emocionalmente nisso. Quando você tem um acordo, você o tem e então vai fazê-lo. É o que gostamos de fazer. E se você não gostar mais disso, então vá para casa. Não há razão pra ser filho da puta e chorão. Pra todos, isso acabará um dia.

Nathan: Bem verdade. Quando você faz as músicas, você escreve as letras primeiro? Ou é como o Tool: Você faz a música para depois fazer uma letra para ela?

Brody: Eu faço um riff e aí eu crio uma melodia, pra depois fazer a letra. Algumas vezes a letra vem imediatamente e vou de encontro à ela.
É raro que pense: "Eu irei fazer uma música sobre isso". Escrever é meio que coisa de profeta: só depois você percebe sobre o que você escreveu.

Nathan: Eu acho que consigo entender isso. Eu amo música, mas quando começam com essas coisas de terminologias, eu fico super boiando.

Brody: Eu não entendo de terminologia de forma alguma. Eu não sei teoria e porras assim. Eu só toco de qualquer jeito.

Nathan: Você cresceu tocando instrumentos ou isso foi algo que você escolheu quando adquiriu mais idade?

Brody: Quando eu era pequena, eu tocava um tipo de flauta na escola. Eu odiava pra caralho essa flauta e eu ameaçava a acertar a cabeça do meu professor com ela.

Nathan: É, eu acho que é obrigatório tocá-la na banda da escola.

Brody: Sim, provavelmente em todas as escolas do mundo. Então, quando eu fiz doze anos, meu tio me deu uma guitarra e eu aprendi a tocar.

Nathan: Que boneténho. Eu acho que tinha por volta dessa idade quando eu ganhei um trompete, mas eu nem cheguei a tocá-lo muito. Eu queria um saxofone.

Brody: Trompete é irado pra caralho, mano. Aliás, Tony toca saxofone com maestria.

Desconhecido: É, porcamente.
[As risadas preenchem o ônibus]

Tony: Porcamente... Sai daí!

[Houve mais algum debate neste momento sobre isso e sobre os jantares de todos, assim como o ódio Brody Dalle para um determinado item, mas eu havia jurado para ela que não falaria para ninguém]

Universal Rep: Eu gosto do fato de ter conseguido achar o seu ponto fraco.

Desconhecido: Se as pessoas descobrirem isso, vão começar a falar isso durante os shows... Não publique isso. Será tipo Mentos para os Foo Fighters (lembra do clipe Big Me? Então...).

[Eu tive que incluir essa próxima parte da entrevista, porque mostra exatamente a natureza da diversão que estava acontecendo no ônibus. Eles tinham acabado de receber o salário diário]

Brody: Woohooo! Isso é como se fossem quinze toonies [nota: moeda canadense de 2 dólares americanos] ou seja lá como eles falam.

Universal Rep: Isso é como quatro dólares americanos.

Tony: Se nós pegarmos e juntarmos todo esse dinheiro, nós iríamos conseguir drogas realmente boas, mas em pouquíssimo número. Seríamos designers de drogas! Tô zoando. Nem me drogo.

Desconhecido: É só tipinho.

Tony: A banda em poucas palavras... Eles não sabem como comer e eles fazem as drogas. Não há mostarda! Porra!

[A gargalhada preenche o ônibus de novo. Foi logo depois de voltarmos para a entrevista real]

Nathan: Então, eu só ouvi o EP, mas “Bury My Heart” é a única música dele que não está incluída no álbum?

Brody: E “Valium Knights”. Ih merda, a gente precisa tocar “Valium Knights” hoje à noite. Não podemos esquecer.

Resto da banda: Sim, nós temos que tocar “Valium Knights”.

Nathan: Eu concordo. Eu adoro o EP, mas “Bury My Heart” foi a única que eu consegui ouvir um pouco de Distillers. Todo o resto soa novo, mas essa música soa bem Coral Fang.

Brody: Isso é interessante porque ela é daquela época. Nunca soou muito bem, soava estúpido e aí eu toquei para o Alain e ele disse, “Bem, vamos fazê-la.” E funcionou. E é a única música que tem bateria eletrônica.

Nathan: Eu nunca teria reparado nisso. A única coisa que eu sei, é que eu a deixo num volume bem alto enquanto estou dirigindo.
O álbum Spinnerette é homônimo. Há alguma razão para você não ter dado um nome específico a ele?

Brody: Eu não sei. Eu acho que quando você apresenta o seu primeiro disco, deve conter somente o nome da banda. Lançar com um outro título, a não ser que você seja muito cool, não parece funcionar muito bem.

Nathan: É você na capa?

Brody: Na verdade, é o Tony, eu tive que dar uma depilada e uma escondida nele.

Tony: É, eu tô uma delícia na foto.

Brody: E bem “escondido”!

Nathan: Liam Lynch fez o primeiro vídeo da banda, “Ghetto Love”. Você tem alguma outra pessoa em mente para fazer o de “Baptized by Fire”?

Brody: Nós já fizemos. Na Inglaterra, em Kent, Coast. Estava um frio excessivamente puta absurdo e ventava muito também, durante os dois dias de filmagem com Chris Hopewell.

Nathan: E há algum tema nesse clipe?

Brody: É apenas um tipo de mulher louca da telha vagando por aí.

Tony: É tipo "Billy Jean", só que na praia!

Nathan: [risos] Definitivamente, mal posso esperar para ver. Eu ouvi que você tem uma fascinação por banda femininas dos anos 60. É de onde o nome da banda surgiu?

Brody: O nome veio da anatomia das aranhas.

Nathan: Eu tenho uma pergunta que você pode manter em segredo ou não. Obviamente, todos sabem que seu último nome veio da sua atriz favorita, Beatrice Dalle. Mas seu primeiro nome... Estou correto em dizer que não real?

Brody: Uhum.

Nathan: Qual foi a razão por trás dessa decisão?

Brody: Eu não gosto do meu verdadeiro nome...

Nathan: E eu certo em dizer que é Bree Joanna Alice Robinson?

Brody: É, esse é o meu nome de nascimento, mas eu tive muitos sobrenomes diferentes e, finalmente, me cansei de ter o nome de qualquer outra pessoa e então, escolhi o meu próprio.

Nathan: E é legalmente Brody?

Brody: Sim, na Austrália. Levou-me uma caralhada de anos para conseguir.

Nathan: Você pretende voltar a morar lá? Ou você está curtindo Los Angeles?

Brody: Eu quero me mudar de Los Angeles. Eu não sei se voltarei para a Austrália. É difícil dizer isso, sinceramente.

Nathan: Você já fez alguma turnê com o seu marido?

Brody: Com certeza! Na época dos Distillers.

Nathan: É isso. Bem, eu acho que tenho bastante coisa para usar para a entrevista. Boa sorte, obrigado por aceitar a fazer isso e eu definitivamente estou ansioso para o show de hoje.

Brody: Eu que agradeço.

No final, Brody foi bem sincera e não teve problema para responder às minhas perguntas. Spinnerette está só começando a turnê e se você está pelas redondezas ou vem para a cidade.