Título Original: “Spinnerette @ FasterLouder.com.au”
Por: David Swan
Para: FasterLouder.com.au
Data: 3 de março de 2010
Tradução: Angélica Albuquerque
De volta pra “casa” para tocar com seu mais recente projeto, Spinnerette, a australiana e dama do punk rock, Brody Dalle, reservou um momento para conversar com a FasterLouder sobre a turnê, seus casamentos com Josh Homme e Tim Armstrong, e onde achar um milkshake decente com sabor Blue Heaven, em Melbourne.
Primeiramente, onde você está e que horas são?
Estou sentada no sofá do nosso estúdio, que se chama Pink Duck, estou prestes a começar um ensaio com a Spinnerette e são 6h20 da noite.
Você tem feito alguma coisa ultimamente ou a sua filha exige todo o seu tempo?
Sim, quero dizer, eu estava na ginástica hoje com ela e havia cerca de 40.000 mil crianças lá, tudo estava pintado de cores brilhantes e eu pensei, "puta merda". Ela está ficando muito boa nisso. Faz bem para a sua auto-estima. Eu também fui nadar hoje, falei com o meu empresário e vi o meu marido (Josh Homme) na sua nova motocicleta. Nós fomos para um lugar chamado Chilli John's, que realmente tem um ótimo chilli. E agora estou falando com você. Mas sim, a maioria dos meus dias é da minha filha, mas agora estarei em turnê na próxima semana, é tudo questão de prática.
Quem faz parte da Spinnerette no momento?
Davey Hidalgo Jr., Bryan Tulao, Tony Bevilacqua e um amigo nosso, Zach Dawes, que toca também no Mini Mansions, que inclusive irá abrirá os nossos próximos shows.
Você enxerga a Spinnerette como um projeto solo?
Eu não tenho certeza disso. Se fosse um projeto solo, eu acho que eu estaria fazendo mais, como tocar todos os instrumentos, bateria e baixo e fazendo um monte de outras coisas.
Você poderia fazer isso se quisesse?
Sim, definitivamente, se eu quisesse [risos]. Eu brinco muito com o programa Garageband no meu computador, gravo algumas coisas e isso sim então seria algo como um projeto solo meu. Spinnerette é como se fosse um matrimônio musical entre Alain Johannes e eu, com uns brilhos cintilantes do Tony Bevilacqua. Eu acho que ao vivo, eu me sinto como se estivesse nos Pretenders, eu tenho uma banda de apoio... é radical.
Você tem bastante coisa gravada e arquivada que um dia você pensa em lançar?
Eu tenho muita música. Eu tenho toneladas que não entraram para o disco da Spinnerette e eu tenho coisas de muitos anos atrás, antes de eu ficar grávida. E também tenho muita coisa de agora, estou prestes a gravar com o Al de novo. Eu quero fazer dois discos neste ano, eu quero fazer um disco de punk rock com o Joey Castillo, baterista do Queens of the Stone Age e que agora faz turnê com o Eagles of Death Metal. Então eu estou fazendo este e outro da Spinnerette. Josh estará em turnê neste ano e aí eu espero que seja a minha vez ano que vem.
Acho que isso quer dizer que vocês alternam quem cuida da Camille?
Sim. Não é justo para a Camille que nós dois a deixemos. É horrível. Eu não acho que aguentaríamos. Nós costumados levá-la nas turnês, mas ela começou a estudar, então não é justo arrastá-la para todo canto com a gente. Ela não saberia escrever até completar treze anos. Mas ela fica dizendo "Mãe, eu quero ir com você!", por isso é difícil. Podemos acabar desabando.
Agora, quão australiana você é?
É claro que sou australiana! Eu não soo como uma australiana mais e quando chego em casa, eu fico realmente chocada com a disposição de todos, a maneira de falar e seu comportamento. É definitivamente ótimo poder respirar o ar de casa. Eu costumava a ir para a Austrália uma vez por ano e eu estou tentando fazer isso de novo. Eu não volto para casa há dois anos, desde quando o Queens tocou. Eu não pude ir com o Them Croocked Vultures porque a Camille tinha escola.
Quando foi a última vez que você comeu Vegemite [nota: uma pasta muito popular na Austrália, feita de extrato de levedura]?
Eu não como Vegemite há anos, mas uma coisa que eu realmente desejo é o milkshake Blue Heaven, você não consegue encontrá-lo aqui. Onde que é legal tomá-lo em Melbourne agora? Eu costumava ir ao Black Cat, mas agora mudou, costumava ser um daqueles lugares legais para lanchar nos anos 60, em Brunswick, mas eu acho que está totalmente diferente agora. E eu sinto falta de Nutri-Grain, Freddo Frogs... coisas desse tipo. Eu mal posso esperar para voltar para casa, estou muito empolgada, me sinto uma australiana, só que eu não vivo lá. Em alguns poucos anos, completarei aqui o mesmo tempo que vivi na Austrália, é estranho pensar nisso.
Você tem cidadania australiana ainda?
Você tá brincando? Eu nunca vou abandonar isso! Eles não me deixam ter duas cidadanias, o que é uma bosta, eles querem que eu abandone a minha australiana, mas eu não farei isso. Meu marido quer ter um passaporte australiano e minha filha, automaticamente, tem um. E se esse país se afundar, sabe, e quisermos sair daqui?
Há muito espaço aqui, um monte de deserto...
[Risos] É, tem muito espaço, eu lembro.
Como foi a sua infância?
Nós crescemos em Fitzroy, bem na Scotchman St., em Bell St. Éramos crianças selvagens. Eu costumava fugir demais e minha mãe tinha que ligar constantemente para a polícia ir me procurar. Eu devia ter só uns quatro anos. Eu sempre ia a um parque que eu não tinha permissão para ir; nós ficávamos assistindo Star Wars no fundo da casa de alguém, e não poderíamos nunca ouvir a porta. Eu fiquei mais velha e comecei a ir a shows. Eu levei porrada dessas garotas de rua com camisas do Bon Jovi, elas quebraram o meu braço. Eu sempre me metia nessas merdas de encrencas selvagens. Então eu comecei a tocar numa banda chamada Sourpuss e nós começamos a ganhar seguidores e abrir shows de bandas internacionais. Eu tinha dezesseis anos. Eu sinto como se tivesse vivido dez vidas.
E sobre o seu primeiro casamento (com Tim Armstrong, do Rancid), você casou muito nova?
É, cara, eu tinha dezoito anos. Eu olho para esses dezoito anos de idade e eu penso “você deveria estar usando fraldas”, eles continuam muito jovens. Merda. Provavelmente estou te ofendendo, quantos anos você tem?
Vinte. Continuo um bebê, eu acho.
Você consegue se imaginar casando, com uma mulher que é quatorze anos mais velha que você?
Bem, contando que ela cozinhe, limpe e faça uns sanduiches pra mim...
Que isso, cara!!! Ela teria o seu rabo preso a uma cama. Eu era muito jovem. Eu não recomendo a ninguém casar aos dezoito anos, há muito que amadurecer antes de começar a se comprometer com pessoas.
Vamos avançar rapidamente para o seu atual casamento. Como você conheceu o Josh?
A primeira vez que eu o conheci, eu tinha dezessete anos e ele tinha vinte e dois. Foi durante uma turnê do festival Lollapalooza. Eu amava Kyuss, aí o vi e sabia que a banda tinha acabado e então começamos a conversar sobre isso e tiramos uma foto juntos. Eu era muito fãzinha. Ficamos sem nos ver de novo por sete anos.
Ele se lembrou de você?
Você tá bricando? Ele contou para as pessoas que a gente ficado. Foi realmente fofo, ele disse ao Mark Lanegan que tinha ficado comigo, mas é claro que ainda não tinha. Ele me disse que sempre teve uma queda por mim... Era pra ser.
Quem roqueia mais, você ou o Josh?
Definitivamentem o meu marido. Tá me tirando? Isso foi totalmente injusto. Mas eu danço melhor do que ele.
Como foi o Distillers pra você, foi uma boa época na sua vida?
Sim, cara, eu levei a banda como uma total fascista, eu estava por dentro de tudo, mas eu acho que isso foi bom porque chegamos bem longe. Quando fomos gravar o “Coral Fang”, viajamos para as montanhas por seis meses e bebemos garrafas e mais garrafas de vodka e cerveja e comemos toda besteira possível. Nós estávamos numa gravadora poderosa, então nós tínhamos nosso próprio chefe de cozinha. Os garotos estavam mijando na piscina, foi demais. Foi totalmente como umas merdas de pirralhos mimados vivendo um sonho. Foi uma puta maneira de crescer.
Sua filha seguirá os seus passos?
Eu não sei. Ela é realmente engraçada e dramática. Ela criou o seu próprio personagem, um vampiro, aí ela fica: "Eu sou o seu filho, meu nome é Acqua, eu sou um vampiro e vim aqui sugar o seu sangue" e aí ela começa a morder o seu braço. Ela é uma comediante, ela é hilária.
Traga-a para os palcos!
Algo criativo está surgindo em seu caminho, mas vamos ver.
Spinnerette tocará, sem Acqua - The Vampire, nas seguintes datas:
4 de março – The Zoo, Brisbane
5 de março – The Factory, Sydney
7 de março – The Corner Hotel, Melbourne