Saturday, October 01, 2011

Perguntas e Respostas: No "Gueto" com Brody Dalle

Título Original: “Q&A: In The ‘Ghetto’ With Brody Dalle”
Por: Joey Odorisio
Para: FMQB
Data: 21 de janeiro de 2009
Tradução: Angélica Albuquerque


Brody Dalle chegou à fama no início desta década como a vocalista de da banda de punk rock The Distillers. Após três álbuns, a banda se dissolveu e Dalle ficou alguns anos longe da cena, enquanto aproveitava o casamento com Josh Homme (Queens of the Stone Age) e a maternidade.
Agora Brody está de volta com seu novo projeto, Spinnerette, combinando seu som punk cru com alguns riffs sexies de guitarra. Com o single de estreia, “Ghetto Love”, impactando as rádios, Dalle conversou com o FMQB sobre sua nova banda.

Sou seu fã há tempos e vi The Distillers cair na estrada com Garbage e No Doubt, em 2002. Vamos começar capturando os nossos leitores, conversando sobre o que você tem feito desde que o Distillers acabou.

Nos últimos anos, eu fiz algumas demos de coisas para a Spinnerette com o Alain Johannes e aí, nós gravamos um CD, porque a gravadora que tinha nos contratado a principio, queria saber "Quando você vai voltar para o estúdio e nos trazer algo para lançar?" Então eles meio que forçaram a gente a entrar em estúdio e fazer esse registro. Foi feito por mim, Alain, Jack Irons e obviamente, Tony Bevilacqua. Gravamos no meu estúdio em parceria com o Josh (Pink Duck), que não fica tão longe da nossa casa e nós estávamos sendo as cobaias. O álbum ainda não foi completamente terminado. Há alguns problemas de som, porém, mais que isso, soa muito bem, muito áspero e bastante sujo.

Então você criou um estúdio e uma filha nos últimos anos.

Eu realmente criei uma filha, mas não sozinha, claro. O aniversário dela é sábado agora e ela fará três anos. É inacreditável que três anos já se passaram.

Esse novo estúdio será divido também para todos os projetos relacionados ao Josh?

Sim, definitivamente. É bem a nossa “boate” e é como a nossa casa longe de casa. Nós o construímos bem aconchegante. É realmente um ótimo lugar. Nós o decoramos; isso soa muito bem; é o lugar perfeito para nós.

Eu adorei tudo o que ouvi até agora da Spinnerette. Explique a diferença entre estar na Spinnerette e estar no Distillers. Obviamente, não é uma banda estritamente de punk rock, mas há bastante punk rock na Spinnerette.

A diferença é gigantesca. Eu nunca antes havia tido um “parceiro musical”. Eu sempre trazia as minhas músicas, os caras ouviam/pegavam e apenas íamos trabalhando até termos o som desejado. E eu, de alguma forma, sempre quis ter alguém para me ajudar a compor, que eu pudesse compartilhar ideias. Então, isso acidentalmente aconteceu comigo e Al. Eu fiquei tão feliz, porque há bastante diferença entre nós. Há duas bandas para Spinnerette: Uma de gravação e outra para turnê, isso é obviamente diferente.
Elas são substituíveis: A pessoa que está tocando ao vivo, pode vir a tocar em estúdio e vice-versa. Então é algo bem liberal. Mais como um acampamento de ciganos, onde todos podem experimentar ou ter um momento agradável. É um tipo de ambiente bem relaxante. Não há nenhuma regra ou restrição. É algo mais casual.
Eu senti que The Distillers era uma banda bastante séria. Nós tínhamos um regime e ele entraria em vigor neste momento de fazer um álbum. Eu meio que me libertei disso. Porque agora eu tenho uma família e isso dificulta fazer as coisas do jeito que estava acostumada. Além disso, há um clima diferente para a música e eu acho que não poderia fazê-lo como eu fiz antes.

Você tem um line-up diferente para a estrada, certo? Quem está na banda, que não está na de estúdio e vice-versa?

A banda de estúdio é formada por Alain Johannes, eu, Tony Bevilacqua e Jack Irons. E, atualmente, Jon Theodore, que está no Mars Volta e One Day As A Lion. Ele é um baterista incrível. Ele tocou na música “Cupid”, que está no CD. Então está é a banda de estúdio.
A banda de turnê é Dave Hidalgo Jr., Bryan Tulao, Nicole Fiorentino, Tony e eu. Eu gostaria de adicionar mais algumas pessoas, vamos vendo o que acontece. Há um monte de camadas nas gravações, é por isso que nós temos cinco pessoas agora. Há três guitarristas. Mas há outras partes que seria legal ter algumas pessoas para tocá-las, vamos ver se no futuro isso acontece.

Eu sei que vocês fizeram alguns shows até agora e que você fará uma turnê em breve, por alguns países. Há planos de correr por todos os Estados Unidos, em turnê?

Sim, estaremos fazendo turnê. Eu sinceramente não quero fazer shows até o álbum sair. Eu não quero fazer shows, a menos que as pessoas saibam que estamos tocando “só por tocar”, porque pode ser um tipo de experiência desagradável para ambas as partes. Pode ocorrer de estarem nos vendo e falar: “Mas que porra é essa que está acontecendo?” Então nós não iremos sair em turnê até o álbum ser lançado. Faremos dois shows na Inglaterra. E fizemos três shows em outubro, só para dar o primeiro passo. Os shows foram em Long Beach, Los Angeles e Santa Barbara. Eu acho que o Dave Gahan (vocalista do Depeche Mode) foi ao nosso primeiro show. Se estiver certa, isto é incrível.

Quando o álbum completo chega às lojas?

Ele chega ao final de fevereiro ou talvez no começo de março.

Ele está sendo lançado através do selo do Rush, Anthem. Como aconteceu isso?

Ray Danniels criou a Anthem porque ninguém queria contratar o Rush, acredite se quiser, nos anos 70. Então eles começaram com um selo próprio. Aí eles receberam uma oferta incrível da Atlantic e então, obviamente, assinaram com essa gravadora. E eu conhecia uma mulher que trabalhava para o Ray Danniels e foi assim que nos conectamos. Alan McGee e eu, havíamos discutido e rompemos o contrato. No dia seguinte, liguei para essa mulher, Meghan Symsyk e ela havia começado a trabalhar na Anthem naquele dia, então isso foi quase "fatal". Eu não sabia o que ela estava fazendo até receber a minha ligação. Então foi assim que eu entrei para a Anthem.

E você usou a Topspin Media para lançar o EP online. David Byrne & Brian Eno e Melissa Auf der Maur recentemente também usaram esta companhia.

É, há tantos artistas legais utilizando a Topspin. É ótimo para as bandas também, que não conseguem assinar um contrato ou não querem firmar um e só quer “colher os frutos” diretamente. E é ótimo para os fãs e também é uma alternativa para iTunes. Ele colocou o poder de volta às mãos dos artistas.

E ele deixa você ser mais flexível se estiver fazendo coisas diversas ou um pouco diferentes.

Certamente. Você pode fazer uma música num dia e colocá-la nele no dia seguinte.
Não há regras ou restrições ou margem de tempo ou algo do tipo. É outra maneira de colocar a sua música para ser escutada.

Conte-me sobre o single “Ghetto Love”.

É sobre estar sendo subjugado pela humanidade e tentando encontrar uma base comum, tentando se manter positivo. A única coisa que eu realmente não tinha muito antes, ou me preocupava, ou sentia que eu não queria isso mesmo, era o amor.
Então talvez isso soe bem meloso, mas eu tenho uma família agora e isso é muito bonito; é a coisa mais importante.

Como você acabou trabalhando com Liam Lynch no videoclipe de “Ghetto Love”? Sou fã dele desde quando ele brincou com bonequinhos feitos de meia, no Sifl & Olly, da MTV.

A primeira vez que conheci o Liam, foi durante a turnê do [nota de fã pride: coisa linda de gezuiz] No Doubt. Ele estava por lá ajudando a Sophie Mueller, a diretora que fez praticamente tudo dos anos 90. Ela estava filmando o DVD ao vivo deles e Liam me entrevistou e me perguntou “qual foi o sonho mais esquisito que você já teve?” Essa pergunta foi feita exatamente na noite anterior de eu ter tido o sonho mais estranho da minha vida: Beijando Saddam Hussein na praia. Foi um sonho muitíssimo estranho e bizarro. Essa foi a primeira vez que conheci o Liam. Então nós nos encontramos por aí e ele começou a fazer algumas coisas para o Eagles of Death Metal. Ele filmou a banda em estúdio. Ele fez um vídeo muito engraçado com o Josh espancando uma banana e há um coelho de desenho animado que ficar passando por toda a fiação... Você tem que ver. Então, Liam fez isso e fez também o vídeo de “Burn The Witch” (Queens of the Stone Age). Então ele faz parte da nossa família.