Saturday, October 01, 2011

Entrevista para o site Suicide Girls


Título Original: “Suicide Girls Interview”
Por: Tamara Palmer
Para: Suicide Girls
Data: 09 de Abril de 2009
Tradução: Angélica Albuquerque


Enquanto os fãs de The Distillers e outras bandas punk da próxima geração devem finalmente encontrar essa transição natural e fácil de seguir, Spinnerette - o novo projeto da ex líder do Distillers, Brody Dalle - tem decididamente mais polimento nas bordas do rock com o seu primeiro lançamento, o EP “Ghetto Love.

Com sensualismo, as batidas dos ritmos as oscilações que ressaltam a guitarra, os vocais de Dalle são consideravelmente mais silenciosos, mas não menos ferozes. Músicas como “Ghetto Love” e “Valium Knights” são perfeitas para diminuir os nervos de um show barulhento do Distillers, são um calmante para tomar depois de álbuns como Sing Sing Death House.

Numa conversa ao telefone com a Suicide Girls, Dalle falou sobre o seu projeto atual, antigos formatos musicais e uma nova abordagem para a criatividade em função de ser mãe, desde quando o Distillers se separou (Ela tem uma filha, Camille, com o seu marido, o frontman do Queens of the Stone Age / Eagles of Death Metal, Josh Homme). Com talento e atitude, ela poderia estar concorrendo ao título de Mãe Roqueira Gostosa do Ano.

Tamara Palmer: Nos poucos anos passados desde quando você lançou um álbum pela última vez, houve muitas mudanças na indústria musical. Você teve que tomar alguma precaução para que o seu álbum ou o material vazasse na internet antes de ter a chance de lançá-lo?

Brody Dalle: Quer saber? Eu não pensei nisso. Não ficamos particularmente pilhados e ter uma atitude como essa ajudou totalmente. Se tiver que ser, será, mas eu não havia pensado nisso. Você pode manifestar coisas se você ficar muito pilhado e assustado ou se você pensar muito em algo, então eu estou contente que isso não tenha feito parte do meu processo mental, me preocupando se o álbum iria vazar ou não. Eu soube que o álbum do Yeah Yeah Yeah's vazou e isso foi decepcionante para eles. Isso está sob um nome diferente, então as pessoas não sabem na verdade. Acho que é uma coisa que está acontecendo conosco. As pessoas provavelmente estão tipo, “Quem é esse?” ou “Quem liga?”, se eles tiverem nos visto. Se isso fosse com o Distillers, eles provavelmente estariam com mais medo que isso acontecesse.

Tamara: Pode ir em ambos sentidos, tanto no de estimular as vendas ou causar uma baixa nelas.

Brody: Isso costuma ajudar as bandas. Eu lembro quando eu estava na Hellcat e o álbum do Offspring tinha vazado. E eles venderam 12 milhões de álbuns, então isso não magoa tanto, sabe? Isso aconteceu bem antes dessa coisa de fazer download virar sensação, quando as pessoas ficavam empolgadas e elas ouviam [o bootleg] e depois iam comprar uma cópia autêntica. Considerando agora, quando a pessoa tem o disco, ela tem. Essa nova geração está... Está seguindo em frente.

Tamara: É isso que eu temo. Que o mercado do produto físico não seja o mesmo que costumava ser.

Brody: É, é verdade, é realmente lamentável. Há tanta coisa por aí para as pessoas comprarem, estamos sendo bombardeados com coisas. Eu acho que as pessoas ficaram oprimidas ou elas não se importam mais? Isso é foda, mas as pessoas estão ficando muito complacentes e se elas podem simplesmente baixar as músicas direto para o iPod, por que elas precisariam ter essa coisa extra, a menos que elas sejam realmente fãs ou que realmente se importem.

Tamara: Eu me sinto como um dinossauro, porque eu discoteco com vinil e eu tenho um monte em casa.

Brody: Não, isso é uma arte de morrer e é bonito. Você deve apenas se conter em relação a essa frase, porque muito em breve - Digo, efetivamente, o vinil teve um tipo de ressurgimento, tenho certeza que você sabe disso.

Tamara: Isso foi tipo, bem quando todos pareciam que estavam colocando o último prego no caixão do vinil. Você está lançando algum vinil?

Brody: Sim, com certeza! Estamos fazendo um single para “Sex Bomb” com um remix do Adam Freeland e isso será lançado em cerca de um mês. Esse é um tipo de lançamento especial que fizemos e definitivamente faremos uma prensagem em vinil também para o álbum. Isso tem sido um processo longo para tentar e só de ter esse álbum [lançado], já é uma vitória. Tem sido uma batalha trabalhosa.

Tamara: Bem, você teve muita coisa acontecendo também.

Brody: Sim, mas as mudanças dentro da indústria e as pessoas sendo tão desconfiadas em relação a contratar novas bandas ou algo que eles não conheçam e pessoas que têm um tempo difícil com uma fé em nada. Eu estava olhando o L.A. Weekly noutro dia e lá não havia nenhum show e eu fiquei tipo “Que porra está acontecendo?” Eu sei que há uma recessão, mas entretenimento, isso é um lazer.

Tamara: Você acha que seria mais abundante neste momento.

Brody: Porra, certeza! Mas não há nada acontecendo, eu não sei, há algo deprimente na música que estou ouvindo por aí, mas tenho esperanças que isso vá mudar.

Tamara: Você está encontrando dificuldades quando se trata de agendar shows ou não?

Brody: Definitivamente faremos turnê, é apenas uma questão de elevar o perfil da Spinnerette. Se isso fosse no Distillers, não seria problema, nós poderíamos tocar em qualquer lugar que quiséssemos, que seria fácil de tapear. Mas por conta de ser uma banda nova, as pessoas não a conhecem, mas sairemos em turnê, com certeza. Começará no dia 29 de maio na Costa Leste e depois o álbum sairá. Então, passaremos pela Costa Oeste e aí a turnê começará “de verdade”. Pelo fato de eu ter uma criança pequena, a turnê será distribuída.

Tamara: Isso soa como uma forma mais civilizada mesmo.

Brody: Pois é e neste momento da minha vida, mesmo se eu não tivesse a Camille, eu não acho que poderia fazer uma turnê de oito semanas. Eu provavelmente iria enlouquecer.

Tamara: Esse tipo de estilo de vida é para você ou não: uma cidade diferente a cada dia por meses a fio.

Brody: Isso, você alguma vez já fez turnê? Eu sei que fazem turnê e performances do Suicide Girls, você faz?

Tamara: Quero dizer, eu não faço apresentações... [risos]

Brody: Você é apenas a escritora.

Tamara: Exatamente! Mas eu estive na estrada com a banda, não mais do que dois ou três dias. Eu dormi nos beliches no ônibus da turnê e não consigo entender como alguém consegue fazer isso por muito tempo.

Brody: Acredite em mim, isso torna-se o seu lugar seguro, tipo “eu só quero o meu beliche! Eu só quero o meu beliche.” É como se fosse o seu pequeno paraíso.

Tamara: É um tanto quanto claustrofóbico para mim.

Brody: Isso é o que todos pensamos no começo, mas aí torna-se o seu útero.

Tamara: Posso imaginar como seria.

Brody: Além disso, o movimento - um monte de gente pega nojo de carro, mas eu não tenho esse problema, então é como ser embalado para dormir.

Tamara: Ok, posso ver que isso seria um tipo de Magic Fingers [nota: um dispositivo montado em uma cama, que faz vibrá-la e promete relaxar você - máoe!].

Brody: [risos] Totalmente!

Tamara: Bom, a partir do momento que você estará fazendo curtas permanências na estrada, Camille irá com você?

Brody: Não, no começo não, não até a gente construir um perfil maior e tivermos impulso suficiente. Ela ficará em casa com o seu papito. Ele está tendo um tempo desse ciclo de turnê, então isso funciona legal.

Tamara: Esta será a primeira vez que você ficará longe dela?

Brody: Não, já estivemos separadas uma vez ou outra. Meu pai faleceu e eu tive que me ausentar por quatro semanas, o que foi problemático, foi na Austrália. Foi o tempo mais longo que ficamos separadas; foi bem brutal. Ela tinha cerca de um ano, mas o meu marido estava aqui e a sua família também, de modo que fez uma grande diferença. Isso foi tão intenso; o que não é um bom exemplo, porque minha mente estava nessa coisa horrível. Josh e eu havíamos ido à Inglaterra uma vez por oito dias, ele tocou e isso foi tipo uma fuga da mamãe e do papai. Você precisa fazer isso.
Mas ela esteve já em turnê; ela esteve presente por algumas vezes na turnê do Queens of the Stone Age. Ela está pronta para ser um cão de rua.

Tamara: Como é o interesse dela por música? Ela é uma criança roqueira?

Brody: Ela tem um gosto bem eclético e eu acho que é porque nós somos assim. Eu não estou tentando empurrar nada goela abaixo. Ela escolhe o que ela quiser. Ela ama Eagles of Death Metal, claro. Basicamente, ela ama as coisas que ela ouve com frequência. Quando estamos em processo de fazer um disco, ela fica ouvindo direto, então ela está obcecada por Spinnerette. Lembro que uma vez o Tony [Bevilacqua] e eu estávamos dirigindo e ela não deixava a gente tirar o CD para ouvir outra coisa. Ela ficou um pouco de birra, foi muito bonitinho.

Tamara: Ela provavelmente também é a sua própria crítica mais dura.

Brody: Totalmente! Ela também vai ouvir o primeiro bar e vai saber o que é. Recentemente ela adora Cibo Matto. E ela adora os Ramones.

Tamara: Crianças adoram os Ramones!

Brody: Sim! Mas fala sério, como não poderia?

Tamara: Então, Spinnerette é realmente quase como ter uma outra criança ou elas são da mesma idade?

Brody: É um pouco mais nova, nós tivemos algumas encarnações. Spinnerette começou em 2006, após o nascimento da Camille. The Distillers acabou antes de eu ter ficado grávida e eu toquei com um monte de pessoas, incluindo uma amiga minha, que tocava baixo. Tony e eu tocávamos por horas e reunimos pessoas para começar algo novo e aí eu engravidei e puxei o freio de mão. Assim quando Camille nasceu, eu fui à casa de Alain Johannes e comecei a fazer demos. Isso nem foi conversado direito; isso só foi florescendo. Uma das primeiras músicas que criamos foi “Ghetto Love” E isso foi andando, ganhou um título e tornou-se esta coisa, e a gravadora queria que fizéssemos um disco, então eles pagaram por ele e fomos seguindo, foi o que aconteceu.

Tamara: Então você não preparou nenhum conceito musical enquanto esteve grávida, ele só evoluiu mais tarde?

Brody: Quero dizer, eu tinha um monte de ideias, mas nenhuma tinha dado frutos até agora. Levou um bom tempo. Não há nada como acidentes.

Tamara: Você teve que fazer mais coisas nesse projeto do que nos discos do Distillers? Parece que a banda passou por um monte de mudanças de line-up, mas você manteve-se firme. Você teve que lidar com tudo sozinha?

Brody: Muita gente participou e se você estiver falando sobre a parte musical, eu toquei tudo desde piano elétrico à baixo, guitarra, percussão. Então esse é um projeto muito mais musical. É definitivamente o que eu quero fazer e é um pouco mais complexo do que o Distillers. Eu amo o Distillers, mas isso é realmente apenas uma reta em frente para ser seguida, fácil, sem muita coisa para pensar - exceto minhas letras, eu penso muito sobre as minhas letras. Mas a música é simples. E Spinnerette com certeza está atirando em uma diferente direção.