Saturday, October 01, 2011

Brody Dalle na Spinnerette, o Rompimento dos Distillers e o Marido Josh Homme


Título Original: “Brody Dalle on Spinnerette, the Breakup of the Distillers and Hubby Josh Homme”
Por: ?
Para: Rolling Stone
Data: 20 de março de 2009
Tradução: Angélica Albuquerque


Em seu primeiro álbum desde quando o Distillers acabou em 2005 [e oficialmente em 2006], a vocalista Brody Dalle retorna com uma nova banda, Spinnerette, e uma nova sonoridade que está menos à frente do punk rock do que do contundente e excêntrico rock. Pronto para ser lançado durante essa primavera, Ghetto Love é também o seu primeiro projeto desde quando ela teve uma filha. O tema global do álbum foca em relacionamentos difíceis começando com a sombria e explosiva (faixa) “Cupid”.

Ela fez o álbum no estúdio Pink Duck (que citua-se em Burbank, Califórnia e que foi criado por Dalle e pelo seu marido, Josh Homme, da banda Queens of the Stone Age) e ele conta com a participação do multi-instrumentista Alain Johainnes, do baterista Jack Irons e do ex guitarrista do Distillers, Tony Bevilacqua. Uma prévia foi revelada em janeiro, num EP de quatro faixas, que inclui a faixa título, que é uma colisão de melodia com guitarra exaustiva e selvagem. “Não conseguiria me imaginar fazendo um disco do Distillers neste momento. Isso está muito distante”, disse Dalle, cujas novas gravações, mostram influências no vocal como Blondie e Cibo Matto, com menos grosseria e mais melodia. “Estou mais aprofundada na musicalidade das coisas agora. Eu amo escrever músicas... Estou me afinando, fazendo deste o meu ofício e descobrindo novas coisas.”

Uma dessas novas coisas é um club remix de “Sex Bomb”, feito pelo DJ Adam Freeland. “É bem empolgante e fascinante porque isso com certeza não faz parte do meu mundo,” disse Dalle, que irá em breve cair na estrada fazendo turnê com a Spinnerette. “Eu não sei se gostaria de fazer topless em Ibiza, mas nós poderíamos meio que chegar lá musicalmente.” A Rolling Stone apanhou Dalle para conversar sobre o rompimento do Distillers, a formação da Spinnerette e a vida como mãe.

O que levou Distillers ao fim?

Nós todos crescemos fora dele. Nós tínhamos entrado realmente numa vida de hábitos não saudáveis na estrada, que nós acabamos levando para casa e isso meio que nos isolou um dos outros. Havia muita briga e infelicidade generalizada. Menos da parte do Tony. Ele foi o único por quem eu senti mais pena, porque ele tinha acabado de entrar na banda. Ele havia sido nosso roadie por seis anos, aí nós falamos “venha tocar guitarra!” e foi isso.

Você alguma vez já se sentiu presa ao som do Distillers?

Eu senti como se isso fosse o fim da estrada. Eu senti que foi uma era que chegou ao seu fim, algo numa cápsula do tempo que você acha no seu quintal. Eu quero fazer uma música que seja realmente moderna e progressiva, que você não possa defini-la. A experiência de ter crescido nos Distillers foi incrível e eu nunca voltaria atrás. Mas isso apenas não se encaixa neste momento.

Como que a sua nova banda surgiu?

Surgiu conforme fomos nos juntando. Eu fiquei grávida em maio de 2005. Essa gravidez não foi planejada, mas foi totalmente o que nós dois queríamos, então ela fez tudo parar por um tempinho. Eu tive um bom tempo para pensar sobre o que gostaria de fazer. Quando eu estava grávida, eu me senti muito longe de ser uma musicista. A guitarra poderia ter sido uma luz na medida em que eu estava preocupada.

Mesmo sabendo que você estava cercada por ela?

Eu estava muito observadora. Muita coisa estava mudando, na indústria, especialmente. Aí a minha filha nasceu nove meses depois e eu senti esse impulso irresistível de apenas vomitar. É como ser uma esponja - Você tem que torcer para fora. Eu queria muito um parceiro para compor, alguém com quem eu pudesse trocar ideias. Josh falou algo tipo, “Por que você não pergunta ao Al se ele poderia gravar algumas de suas demos?” foi como começou. Imediatamente nos colamos. “Ghetto Love” é uma das primeiras músicas que eu fiz. Quando você cria algo como isso em três horas, você pensa, “é, eu acho que estamos diante de algo agora.”

O vídeo de “Ghetto Love” foi feito pelo Liam Lynch, que dirigiu o filme “Tenacious D and the Pick of Destiny.

Conheço o Liam desde quando fizemos [The Distillers] uma turnê com o No Doubt [em 2002]. Ele me entrevistou e perguntou: “Qual foi o sonho mais estranho que você já teve?” e na noite anterior eu havia tido esse meu sonho mais estranho: Eu estava numa praia e Saddam Hussein estava lá também e, por alguma razão, eu estava totalmente apaixonada por ele. Aí eu estava olhando em seus olhos, à medida que o sol ia se pondo e os meus gatos estavam nadando no oceano. Havia também um trem saindo da areia. Foi esse o sonho e foi assim que nos conhecemos, nos ligamos.

Você surgiu da cena musical australiana, se tornou parte da cena da Epitaph e agora, você gasta um tempo de qualidade entre os "músicos do deserto" do Queens of the Stone Age. Quais são os benefícios de fazer parte de uma comunidade musical?

Eu observo o meu marido bem de perto quando ele está fazendo negócios. Eu gosto da maneira como ele os modela. Eu tento ficar longe de me reunir com qualquer uma dessas pessoas e fazer música com medo de ser totalmente banida ou ter a coisa virar para mim e jogada na minha cara. Eu sou uma compositora. É isso o que eu faço. Para alguém dizer que fulaninho escreveu a minha música, é nojento.

Isso realmente acontece?

Com certeza e por não aconteceria ao inverso? Digo, o último CD do Queens tem uma pegada bem punk. Tem algumas canções que soam como Discharge e eu fiquei tipo “é, isso aí.” Então nós naturalmente influenciamos uns aos outros.

Não é que um esteja fazendo dueto no álbum do outro, embora você tenha participado da banda do Desert Sessions, no festival Coachella, há alguns anos.

Josh pediu para eu fazer isso. Eu estava um tanto quanto hesitante. Ele também pediu para que eu participasse das novas gravações do Desert Sessions e eu não farei isso até o álbum da Spinnerette sair. Eu quero me restabelecer de novo, antes de fazer qualquer coisa desse tipo. Josh fica tipo, “Quem se importa com o que as pessoas pensam? Porque nós sabemos o que é.” Mas eu não preciso desse tipo de pressão. Eu odeio aquele caralho de “turma do amendoim”. Eu tenho uma música chamada “The Good of Going Wrong”, que eu escrevi. Josh fica tentando roubá-la de mim, há tempos. Eu estou realmente impressionada comigo mesma.

Sobre o que é "Cupid"?

O amor é tão complicado - Eu sei que isso é clichê. É um processo bem doloroso. Fala sobre querer desistir e querer assassinar o amor, para que então você não tenha que senti-lo mais. É sobre matar o cupido. Você não vai ter que mirar a flecha para mim de novo, acabou.

Ter uma filha fez você mudar a sua perspectiva?

Isso mudou a minha perspectiva e bastante coisa. Nós costumávamos viver uma vida tão egoísta. Nós levantávamos da cama às três da tarde e fazíamos apenas aquilo que queríamos. Esse estilo de vida é bem útil para escrever, tocar e se aprofundar na música, mas as outras coisas que acontecem em paralelo a isso são muito atraentes para mim agora. Faz você pensar, “o que eu estava fazendo com a minha vida?” Agora eu pude perceber o quanto o tempo é importante e eu não quero perdê-lo. Eu quero aproveitar o máximo dele e dar à minha filha a melhor vida que eu puder.

Isso fez você mudar o tipo de música que você queria compor?

Particularmente, não. Eu adoraria estar numa banda estilo Discharge. Só que não é exatamente o que eu quero fazer agora. Essa escolha tem mais a ver com a minha voz. Eu tenho dois tons vocais na minha voz. Quando eu estava no Distillers, era o que caracterizava a minha voz. Mas eu estou ficando mais velha agora e então eu tenho que ter bastante cuidado. Ela não segura mais as notas da mesma forma de quando eu tinha vinte e três anos. Eu poderia berrar por duas horas por noite, fumar maços de cigarros, beber uma garrafa de vodka e a minha voz estaria um pêssego no dia seguinte. E pelo fato de eu não ter feito turnê durante um tempo ou não fazê-la todos os dias, eu tenho que trabalhar a minha voz. Ela está meio virgem agora.