Saturday, October 01, 2011

Brody Dalle Fala Sobre Música, Maternidade e o Que Acontece Quando os Supervisores das Gravadoras Passam dos Limites


Título Original: “Spinnerette's Brody Dalle Talks Music, Motherhood and What Happens When A&R Guys Cross the Line”
Por: Erin Broadley
Para: L.A. Weekly
Data: 06 de Novembro de 2008
Tradução: Angélica Albuquerque


Há alguns meses atrás, eu tive o prazer de ouvir a estréia do primeiro single da Spinnerette, “Valium Knights”, na rádio Indie 103.1, durante a minha estadia como produtor da rádio SuicideGirls e deixe-me dizer a você, quando dei o sinal para a entrada dos vocais doces e agudos de Brody pelas ondas radiofônicas, fez eu me sentir poderoso, como se estivesse entregando algo cordial para os famintos.
A partir disso, eu fui relembrado da força que Brody Dalle tem e o quanto eu senti sua falta desde quando o Distillers acabou em 2006.
Ela tem uma daquelas vozes que soam como se partissem corações e quebrassem regras com cada nota rouca cantada.
Após ter reservado os últimos anos para formar esse novo grupo e sua família com o marido Josh Homme (Queens of the Stone Age), Dalle uniu as forças com o também ex-Distillers Tony Bevilacqua, Jack Irons (Red Hot Chili Peppers, Eleven) e Alain Johannes (Eleven, Queens of The Stone Age) para formar a Spinnerette. O álbum completo é esperado para ser lançado em fevereiro.

Semana passada eu fui encontrar com Brody após a passagem de som em Spaceland, onde Spinnerette fez seu terceiro show. Conversamos sobre música, maternidade e o que acontece quando os supervisores das gravadoras (A&R - Artists and Repertoire) - que além de cuidar do desenvolvimento artístico nas gravações, são também o elo entre os artistas e gravadoras - passam dos limites.

L.A Weekly: Você primeiramente lançou “Valium Knights” como single no website da banda para os fãs fazerem download. Como é que o álbum completo da Spinnerette surgiu para você?

Brody Dalle: Bem, eu escrevi a maioria das músicas no baixo. Eu estava procurando fazer uma demo sozinha e fazer com que a música saísse do meu cérebro e fosse para os meus ouvidos ou para os de alguém. Alain Johannes disse que ele gostaria de gravar algumas das minhas demos para mim e então nós começamos a gravá-las e isso foi como se fosse coisa do destino. Ele começou tocando as guias para as minhas coisas e foi tão mágico, que meio que aconteceu por acidente. Foi mais ou menos como aconteceu. A nossa gravadora até então, a Sire, ficou tipo "O que está acontecendo? Nós precisamos ouvir algumas demos, tipo, pra ontem!" e eu disse: "Bem, vocês podem vir e escutá-las" e depois eu descobri que eles estavam indo para me derrubar. A Sire conseguiu derrubar 15 bandas naquele dia e eles vinham ouvir minhas demos e falavam coisas do tipo “Bem, só continue fazendo o que você está fazendo.” Eles não tinham muito envolvimento com o processo de gravação, tirando um cara da A&R, que vinha e cantarolava alguma harmonia para o meu produtor, inclusive, era ridículo demais ter um supervisor da gravadora tentando se envolver com o aspecto musical de alguma coisa. Tipo, vai se foder pra lá, sabe?

L.A Weekly: Isso me lembra o documentário do Metallica, Some Kind of Monster, onde o terapeuta deles começa a dar sugestões de alguns temas para fazer letras.

Brody Dalle: [Risos] Exatamente. É uma ideia terrível. Essas linhas nunca deveriam ser ultrapassadas... Então nós rompemos contrato [com a Sire] e eles me deram o meu CD, que inclusive foi disco caro pra cacete. Eu fiquei muito agradecida por isso porque eles poderiam ter falado pra eu ir me foder. Eu estaria numa posição muito diferente agora, se eles não tivessem permitido que eu pudesse sair de lá com o meu registro nas mãos. Então nós gravamos esse álbum e cá estamos começando a fazer shows. Isso é só o começo. Finalmente achamos o grupo certo de pessoas para trabalhar.

L.A Weekly: Além dos caras da A&R pensarem que iriam cantar em seu registro, quais foram alguns dos maiores equívocos públicos pelos quais você ou sua música tiveram que passar?

Brody Dalle: Há sempre a óbvia sexista, que ficam dizem que, seja lá com quem eu estou casada no momento, fez o meu CD ou fez a minha música, o que é totalmente insano. É realmente frustrante.

L.A Weekly: Desde o Distillers, tem se tornado mais fácil deixá-los [esses equívocos] de lado e ter as pessoas te ouvindo da forma que você queria ser escutada?

Brody Dalle: Eu acho que isto está prestes a acontecer. Eu sinto que com o Distillers foi apenas uma invasão... Tentando arrombar a porta. Eu sinto como se estivesse um bom lugar agora. Tenho mais clareza hoje em dia, do que eu tinha e eu sei exatamente qual é a direção que quero seguir, considerando que antigamente eu estava sendo atraída por todos os lados e sentia que estava me debatendo sobre isso, como se eu não pudesse continuar. Agora eu tenho um motivo bonito para viver, que é a minha filha de três anos. Eu sinto que finalmente amadureci.

L.A Weekly: Ela já está fazendo música? Batucando pelos cantos da casa?

Brody Dalle: Nós compramos para ela um kit de bateria. Ela escreveu sua primeira canção no Natal, antes de fazer dois anos e a chamou de “Star Star Star”. Nós gravamos. Ela gosta de cantar no estúdio. A primeira palavra dela foi “polvo”. Se isso não é só um pouco do que está por vir, então eu não sei o que é.

L.A Weekly: Tem algum medo do que o futuro possa reservar?

Brody Dalle: Eu acho que medo é para quem é supersticioso. E eu quero realmente ficar longe dessa merda. É mortal; é venenoso. Estou tentando ter uma visão positiva e continuar assim. Será interessante ver o que acontecerá. Eu sempre farei música. Eu venho fazendo isso desde quando eu tinha oito anos. Está em mim.