Friday, August 12, 2011

Brody Dalle fala sobre inspiração e destinos com uma alma gêmea

Título Original: “Brody Dalle: The Take-No-Prisoners Powerhouse Talks Inspiration and Destinations With a Soul Mate”
Por: Shirley Manson
Data: Agosto de 2004
Tradução: Angélica Albuquerque
                        

Parece que faz uma eternidade desde quando a música teve uma nova rainha do rock à la Joan Jett, Chrissie Hynde ou Courtney Love, cujos seus gritos ecoam através da cultura. Mas Brody Dalle, frontwoman do Distillers, está fazendo um processo de sucessão ao trono com os seus romances fora do palco - incluindo seu divórcio com Tim Armstrong, do Rancid, e seu atual relacionamento com Josh Homme, do Queens of the Stone Age - e com o seu comportamento no palco. Após ter trabalhado de forma extensa durante os últimos 5 anos, Dalle (de 25 anos de idade) dá uma pausa na sua turnê européia e conversa com a grande amiga, Shirley Manson.

Brody Dalle: Shirley! Querida, como você está?

Shirley Manson: Não estou mal. Sua voz que parece um pouco estranha.

BD: Não, está tudo bem.

SM: Desculpe-me, querida. Mas imagine, você poderia estar no meu lugar, morrendo de vontade de cair na estrada ao invés de estar em casa e trancada num estúdio.
Então, várias pessoas rotulam a sua banda como “punk rock”, mas você não a vê somente como uma banda punk, vê?

BD: Não se é definido por aquilo que é atual. Eu não respeito nenhuma merda que é rotulada de punk, agora. É totalmente repugnante.

SM: Acho que a definição do punk rock tornou-se tão estreita que não é mais o que o punk era suposto ser.

BD: Originalmente, o punk nasceu da liberdade artística e de um senso político esquerdista. Isso não tem nada a ver com o que é agora. Eu falo para as pessoas: “Ouçam, só porque vocês têm um moicano e se parecem com um punk, não quer dizer que vocês sejam”. Uma coisa que nos inspirou, foi algo que eu acho que o Greg Ginn falou sobre o Black Flag, quando eles diminuíram a velocidade do som. Todo mundo ficou tipo, “vocês não são mais punks” e ele respondia “a música não precisa ser rápida para causar impacto”. Isso fica na minha cabeça como um mantra. E, além disso, nós estamos evoluindo. Eu não tenho mais vontade de gritar tanto quando eu gritava. Eu só quero cantar.

SM: VOCÊ com certeza consegue fazer todos aqueles licks de guitarra. Há tão poucas mulheres que conseguem, de fato, tocar seu instrumento.

BD: Eu concordo totalmente com você. Há uma seca definida.

SM: Certamente, no mercado pop há um monte de mulheres.

BD: Elas também são todas loiras. Você já percebeu isso?

SM: Todas loiras. Não eu e você.

[As duas dão risada]

SM: Mas no rock alternativo há a tríade sagrada: você, claro, Peaches e Karen O (do Yeah Yeah Yeahs). Foi tão incomum todas vocês saírem na mesma época em que havia tão pouca ação por tanto tempo. Porque você acha que você conseguiu?

BD: Muito trabalho pesado e muita turnê. Mas para ser sincera com você, Shirls, eu não acho que minha banda seria tão grande se eu fosse um garoto. As pessoas ficam sempre perguntando, “como é ser a mulher na banda?” e eu respondo, “eu não sei”, porque eu não sei o que é ser um homem em uma banda.

SM: Você fica envergonhada quando eu digo isso, mas você chegou ao nível de símbolo sexual.

[Dalle ri]

SM: Então você acha que o sucesso a torna sexy?

BD: Porra, com certeza! Você não acha isso?

SM: [Risos] Claro! Eu sei que é verdade.

BD: Ele faz você sentir que está no topo do mundo. Você possui a sua merda. Você é dono de quem você é.

SM: Assim, no grande esquema das coisas, onde você queria estar? Você se vê excursionando por uma década?

BD: Provavelmente, mas eu queria fazer de forma diferente. Eu não vou moer os meus ossos em um pó fino. Mas eu acho que é bem difícil, especialmente para as mulheres. Porque tudo o que eu quero no momento é um abrigo e ter bebês; eu não quero estar numa porra de turnê.

SM: [Risos] Ai, meu Deus, isso não era o que eu esperava que você fosse dizer!

BD: Mas você entende o que digo? Tipo, sim, eu quero um jardim de ervas e eu quero sujar as minhas unhas. Mas tudo o que eu consigo pensar, no momento, é em ficar grávida e preparar jantar.

SM: Então vamos fazer uma sessão rápida de perguntas: palavrão favorito?

BD: Babaca.

SM: Filme favorito?

BD: Betty Blue (de 1976).

SM: Atriz favorita e que gostaria que interpretasse você em um filme?

BD: Porra, eu amo a Beátrice Dalle (atriz principal de Betty Blue).

SM: O melhor conselho que você poderia dar a alguém que quer fazer o que você faz?

BD: Não aceite não como resposta.

SM: Língua, shorts masculino ou audácia à mostra?

BD: O quê?

[As duas dão risada]

BD: Gosto das partes à mostra.

SM: Fico feliz que tenha dito isso. Citação clichê favorita?

BD: Aquilo que não mata, fortalece.