Saturday, August 13, 2011

Rainha dos Condenados


Brody Dalle, do Distillers, mostra suas presas.


Título Original: "Queen of the Damned"
Por: Troy Johnson
Para: Sdcitybeat.com
Data: 29 de Outubro de 2003
Tradução: Angélica Albuquerque


Estou tentando lavar minha roupa, mano”, diz Brody Dalle, do Distillers, de um celular emprestado. A declaração pode ser interpretada literalmente ou metaforicamente, já que toda a mídia parece estar se concentrando na roupa suja do punk.

Como ela deixou o seu marido, Tim Armstrong do Rancid. Como ela então deu a língua para o seu novo namorado, Josh Homme do Queens of the Stone Age, numa foto da Rolling Stone. Os fãs de Rancid e os críticos foram todos para cima dela, acusando-a de cortejar a fama à custa dos outros, alguns até sugerindo que seu casamento de sete anos com Armstrong era um pouco mais do que um movimento de carreira.

Bem, às vezes isso me incomoda e às vezes não,” Brody diz sobre a crítica, com uma voz radio-sexy, rouca e calibrada pelo cigarro, principalmente. “Isso depende do dia. É apenas outra porra de dia. E você sabe o que mais, isso vai sumindo até que vai embora de uma vez. Isso não é algo como se eu estivesse chupando o pau do presidente. Eu só estou em uma banda. E isso é histérico.

A nativa australiana é um sonho ousado e teimoso, seu discurso é pontuado por um fluxo constante de palavrões, mas brilhante na forma como ela aborda estranhos como “bebê” ou “querido”. Ela é aquela que usa batom vermelho intenso e cospe em quem está na primeira fila [do show]. Apelando, sim. No entanto, não da mesma forma de belezas tradicionais, como Gwen Stefani, do No Doubt, com quem o Distillers fez turnê no início deste ano.

Eu era o oposto completo de Gwen, apenas suja e asquerosa. Há uma foto muito engraçada da gente,” ela conta. “Eu pareço um vagabundo de rua, cara. E ela se parece como esta mulher limpa e angelical.

Com o lançamento do novo álbum do Distillers, “Coral Fang”, sendo realizado através da Warner Brothers, Dalle precisa se acostumar a esse tipo estranho de emparelhamento. Quando a Epitaph lançou o seu álbum homônimo em 2000, as turnês eram feitas para punks de espírito e para famílias punks, em clubes pequenos. A fama muda as coisas, marca shows como se marcasse encontro às cegas entre as bandas. Brody não é específica sobre com quem o Distillers deve partilhar o palco, para ela, que se dane.

Eu acho que os fãs do No Doubt ficaram um tanto quanto chocados. No Doubt é esse reggae ska pop e então a batida proibida ecoou através dos auto-falantes do estádio,” ela diz. “Eu acho que algumas pessoas gostaram, mas a maioria só ficou parada de boca aberta. Eu tinha um moicano na época.

Eles talvez não curtam ou talvez não vão comprar nada do Distillers, mas você tem que mostrar às pessoas músicas boas. Talvez não seja a sua banda, mas através de sua banda elas encontram outras bandas que gostam.

Ela então canta um trecho de uma música da banda de Los Angeles The Bronx, que ela diz parecer um “mix entre Black Flag e Led Zeppelin.

Isso é o que está faltando na cena musical atual, ela diz sobre a camaradagem, uma pequena ajuda dos seus amigos. O Distillers viveu “sob a tumba de alguém durante um bom tempo,” ela conta, e agora a banda está começando a ter o seu “pequeno império próprio.

Em diversas maneiras, a vida de Dalle é paralela a de outra efervescente roqueira feminina. As duas têm um grito rouco que deixa a maioria dos vocalistas homens passados. Ambas tiveram maridos roqueiros famosos. A comparação com Courtney é inevitável, obviamente, mas Brody está mais do que cansada de ser tratada como e interpretar a novela “a nova mulher no rock”.

Isso me deixa louca,” ela conta. “Mas está acontecendo toda essa coisa de mulheres liderando uma banda, como se elas nunca tivessem aberto a boca antes. Isso não era muito uma anomalia, sabe? As mulheres têm feito música há bastante tempo e, francamente, eu meio que estou farta disso. Se nós continuarmos tratando esse caso como uma novela, ele nunca irá melhorar.

Eu não estou fazendo isso por ninguém além de mim. Desculpe-me se isso soa egoísta. Se nós inspiramos as mulheres a falar, eu irei tocar, mas eu não irei tocar como uma garota, eu só irei tocar, então isso é ótimo.”

Coral Fang” é um desvio para uma banda que se tratava puramente sobre a “batida proibida”: Hardcore punk direto. Ao trabalhar com o produtor Gil Norton (Pixies, Foo Fighters), a banda desacelerou as coisas. Há até uma *respiração penosa* balada no disco. Brody sabe que os fãs antigos deverão enlouquecer. Na verdade, ela está ansiosa pela divergência.

Francamente, eu não me importo. Eu quero perder grande parte da nossa multidão de pessoas míopes, que não estão abertas para experimentar algo diferente musicalmente,” ela diz. “Eu não estou interessada em tocar para eles. Eu não vou atendê-las, tampouco.

Inspirada pela banda britânica Discharge a tocar um hardcore alto e rápido quando era adolescente, ela agora procura as lendas de Orange Country, o Black Flag, para desacelerar as coisas.

Greg Ginn, do Black Flag, disse algo muito bom quando foi perguntado por que estava diminuindo a velocidade das músicas,” ela conta. “Sua resposta foi que algo pode continuar causando impacto mesmo sendo mais devagar. Não precisa ser realmente rápido para causar um impacto.” E eu sinceramente concordo com isso.

Eu amo tocar hardcore, cara. Hardcore sujo e com abordagem negativa, eu amo isso pra caralho. Mas eu não quero fazer isso pelo resto da minha vida, todos os dias e em todas as músicas. Não é empolgante. É como comer a mesma refeição todo dia. Você gostaria de fazer isso?